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kirk972 escreveu:Pessoal, este tuto é uma coleção de dicas que aprendi ao longo dos anos. Algumas aprendi na prática, outras li por aí. Elas se destinam a diminuir a chance de levar gato por lebre na hora de comprar um usado. Procurei incorporar alguma dicas especialmente dedicadas ao Uno, mas a maioria serve pra qualquer carro. Este tuto está amplamente aberto a correções e novas informações. Divirtam-se.

Antes de mais nada.....

Procure controlar a ansiedade. Às vezes você está nervoso por estar à pé. Outras, quer se livrar logo da tarefa de escolher um carro. Ou, ainda, fica maravilhado porque à primeira vista, o carro é ótimo.

Segura a onda!

Carro usado é uma das piores coisas pra se comprar por impulso. Há uma coleção de coisas que poderão dar prejuízo/incomodação. Então vamos lá:


COMEÇANDO PELO LADO DE FORA DO CARRO.


Olhe o carro por trás, a uns 3 metros de distância. Se a traseira tiver um lado mais baixo que outro, significa dano na suspensão, possivelmente no feixe de molas traseiro. Danos comuns neste componente incluem lâminas quebradas ou soltas. Trata-se de reparo de custo médio.









Frestas da carroceria
Verifique as frestas entre o capô, portas e tampa do porta-malas e a carroceria. Elas devem ser parelhas de todos os lados. Se houver diferença na largura destas frestas, há boa possibilidade que o carro eha sofrido reparo mais sério na lataria.








Pintura

- Sempre examine a pintura sob a luz do dia. E nunca molhada.
- Uma peça do carro repintada pode apresentar vários indícios disto. Muitas vezes, ela tem um tom mais claro ou escuro que o resto do carro. Outras, parecem mais ásperas ondulada ou opaca. Tudo isto indica serviço não muito bem feito, o que pode significar problemas com a durabilidade da pintura ou corrosão precoce. Evite carros que tenham este problema, principalmente se for em mais de uma parte da lataria.
- Bolha na pintura sempre escondem ferrugem por baixo.
- Respingos de tinta nas borrachas dos vidros indica reparo feito sem o cuidado ideal.


Portas

Nos Unos mais velhos (mais de 10 anos de uso) é comum que a dobradiças da porta apresentem folga. Abra a porta e balance-a para cima e para baixo. Você sentirá a folga caso ela exista. Este problema costuma tornar as portas mais difíceis de fechar. O reparo é feito com a troca das dobradiças, num serviço de custo médio.







A frente certa.
O design da frente do Uno teve 3 versões, que tiveram aplicação diferente de acordo com a versão do carro. Vale conhecer qual frente foi usada quando, pois muitos proprietários efetuaram a troca da frente alta pela baixa, somente com a intenção de “modernizar”o visual do carro. Esta troca em si não prejudica o funcionamento do carro. Mas pode indicar batida frontal grave (inclusive causando desconfiança em futuros compradores), ou causar problemas de fiscalização de trânsito (alterações de características) ou, ainda, simplesmente desvalorizar um modelo mais antigo quanto à sua originalidade. O esquema a seguir explica qual versão usou qual frente e quando. De preferência, evite comprar carros que tiveram frente trocada.


Frente alta
Todos os Unos 1.3 e 1.5 - de 1984 a 1990.
Todos os Unos Mille 1.0 – de 1990 até 1995 (neste ano e em 94, somente na versão Electronic).



Frente baixa
Todos os Uno 1.3, 1.5 e 1.6 - de 91 até o fim destas versões
Unos 1.0 de 1994 (a partir da versão ELX) até 2003
(observação: a frente baixa teve dois desenhos diferentes na grade: uma usada até 96 e a outra de 97 a 2003).



Frente G3
Todos os Mille a partir de 2004 até hoje.




CORROSÃO

Apesar de já ser da geração de carros que possuía garantia estendida para a carroceria contra corrosão, o Uno, é meio sensível ao problema. Procure examinar com especial atenção às seguintes areas da carroceria, lembrando que reparos de lataria são caros:

Sob a borracha de vedação das portas,
em toda a sua extensão (procure levantar a borda da borracha para ver melhor).









Marcação do número de chassi do assoalho.

Este item merece muita atenção. No assoalho, proximo ao extintor, há uma tampinha plástica no carpete, semelhante a da foto. Abra-a. Embaixo você verá uma das marcações do número do chassi do Uno. Este carro apresenta com frequencia infiltração de água no assoalho, que pode corroer esta numeração. Se isso ocorrer, o carro não passa em vistorias de trânsito. Pior ainda: pode ser preciso fazer a remarcação deste número, o que não é simples nem barato. Duplamente pior ainda: se for feito este serviço, o documento do carro passa a exibir a informação “remarcado”o que desvaloriza o carro em até 30%. Então, fuja de carros com este problema.






Borrachas do parabrisa, principalmente nos cantos inferiores. Procure levantar um pouco a borracha neste ponto.






Borracha de vedação do porta-malas, especialmente a parte de cima, junto ao teto.





Assoalho.

Como já mencionei, o Uno tem uma certa tendência à infiltração de água. Sendo o assoalho o ponto mais baixo do carro, geralmente esta água vai parar lá. Infelizmente, o carpete do Uno é bem fixado, não havendo como levantá-lo sem remover alguma peça de acabamento. E claro que o dono ou lojista não vai gostar da ideia. Então o que se pode fazer é levantar o carro num elevador de posto (aqueles onde se faz troca de óleo). Se você verificar corrosão perceptível no assoalho por fora, saiba que, para chegar ali, ela já deve ter feito um estrago FEIO do lado de dentro, por baixo do carpete. Manchas e mal cheiro, tipo cachorro molhado, são indicativos de carro que sofre infiltrações com frequência, o que é um sinal perigoso. Se não for possível verificar a extensão do problema pelo lado de dentro, desista do carro.



Visão do assoalho do porta-malas, por baixo do carro (lado de fora).





Não esqueça de ver o assoalho do porta-malas por dentro também!




Parte inferior das portas.

O Uno possui drenos na borda de baixo da portas. Sua função é escoar a água de chuva e de lavagens que entra pra dentro da porta. Estes drenos entopem se não forem limpos com alguma regularidade. Em função disto, a parte mais baixa da porta pode apresentar corrosão.








Peças originais de lataria.

As partes móveis da carroceria do Uno (portas, tampa do porta-malas, capô e, ainda, a longarina dianteira) têm estampada na própria lata a marca Fiat, no caso de peças originais. A ausência desta marca indica que o componente foi substituido por componente paralelo, o que reduz sua confiabilidade e indica possível reparo mais sério. Desconfie.
A localização da marca estampada é a que segue:

Capô, por dentro do mesmo, na borda dianteira (junto aos faróis).




Longarina dianteira, próximo do local onde se encaixa a vareta que sustenta o capô aberto, quando não em uso:




Tampa do porta-malas, por dentro, abaixo da base do vidro traseiro.




Junção da longarina dianteira (frente) e longarinas laterais.

Com o capô aberto, olhe por dentro do cofre do motor, abaixo dos faróis. A solda ali deve ser contínua e uniforme. Se fugir disto, a frente inteira pode ter sido trocada, indicando carro que sofreu dano sério.








MECÂNICA

O Uno usou até hoje três motores.
O Fiasa é o mais antigo e comum. Existiu nas versões 1.0, 1.3 e 1.5. Tem ampla oferta de peças, pois equipou o Mille de 90 até 2003, além de outras versões. O Fiasa 1.5 apresenta uma relação potência X consumo muito interessante. Em outras palavras, ele bebe pouco mais que os 1.0 e anda BEM mais. Vale procurar um Uno com esta mecânica, caso você tenha o desempenho como algo prioritário e não se importe em ter um carro mais velho, pois o Uno 1.5 acabou em 96.

Dos anos 80 até início dos 90, Houve também o Sevel, de fabricação argentina, com 1,5 e 1,6 litros. Tem menos oferta de peças e estas custam um pouco mais caro em relação ao Fiasa. Mas é um motor de bom desempenho e durabilidade.

Por fim, de 2004 até hoje, o Uno vive apenas com um motor: o Fire 1.0. Sendo o mais moderno, também é o mais econômico. Porém tem as limitações de desempenho de qualquer 1.0.


Análise do motor – carro parado

Partida a frio

Se possível, peça para ligar o motor totalmente frio. Caso escute um to-toc-toc nos primeiros segundos de funcionamento, e que some em seguida, é provável que o motor apresente algum desgaste no comando de válvulas. Isto é comum em motores mais rodados e não significa que esteja comprometido. Mas é útil saber que não se trata de um motor zerado e que pode exigir reparo a médio prazo.

Outros ruídos
Com o capô aberto, peça que o dono acelere rapidamente o motor algumas vezes. Se no momento da desaceleração aparecer e sumir rapidamente um ruído, semelhante a algo frouxo batendo, pode ser folga no eixo virabrequim. Este é um problema um pouco mais sério, embora o Uno também consiga rodar um bom tempo assim sem problema. Mas também é gasto provável a médio prazo.

Vazamentos
Desconfie de motores brilhando, recém lavados. Muitas vezes isto é um truque para disfarçar vazamentos de óleo que deixam tudo lambuzado. Procure examinar o carro onde ele costuma ficar, a fim de poder checar se há poças de óleo no local. Vazamentos geralmente têm custo médio para serem consertados.

Óleo
Tire a vareta de medição do óleo. Se a vareta estiver lambuzada com algo parecido com um creme marrom-claro, saia correndo. O óleo está sendo contaminado com água da refrigeração em função de vazamento interno. Nesta situação, a lubrificação e as vedações internas ficam comprometidas. Não vale o risco.
Se a vareta indica pouco óleo, fique com um pé atrás. Ou o motor tem vazamento, ou queima óleo significativamente, ou o dono é relaxado e burro, pois ultrapassou tanto o prazo de troca que o óleo foi consumido. Este péssimo hábito pode reduzir drasticamente a vida útil do motor.





Água do radiador
Desrosqueie a tampa que existe na lateral direita do radiador (cuidado! Só faça isso com motor frio). Água cor de ferrugem indica manutenção deficiente. Água com óleo ou marrom clara indica contaminação com óleo, o que é bem perigoso.






Fumaça
Vá pra trás do carro e peça novamente para alguém dar algumas aceleradas enquanto observa o escapamento do carro.

Fumaça clara azulada é óleo queimado. Fique com dois pés atrás. Muitas vezes isto significa motor com folga dos pistões, anéis gastos, quebrados ou cilindros ovalizados. Tudo isto exige retífica do motor o que custa CARO. Também pode ser apenas os retentores de válvulas com vazamento, o que não é tão oneroso. Mas é difícil, para um leigo, diferenciar os problemas. Desista do negócio, ou chame um mecânico de confiança para avaliar, caso o negócio seja vantajoso.

Fumaça preta. Excesso de combustível. Em carros com carburador, possivelmente é apenas um desajuste. Nada muito complicado ou caro de arrumar.

Fumaça branca. Se o motor estiver 100% aquecido e o clima no ambiente não estiver frio (menos de 15 graus), pode indicar água sendo queimada na câmera de combustão. É um problema perigoso. Lembre da dica sobre óleo e veja se ele não apresenta coloração marrom-claro. Se sim, fuja.

ELÉTRICA

Teste de sobrecarga
Com o motor funcionando e aquecido, ligue simultaneamente todos os acessórios elétricos (som, faróis, pisca-alerta, lanternas, desembaçador, etc). Nesta situação, não deve acender a luz do sistema elétrico no painel, e nem o carro apagar sozinho. Se ocorrer, é possível que haja dano no alternador. (custo médio de reparo).

Teste individual
Feito isso, desligue tudo e vá ligando e desligando item por item (piscas, luzes, retorno automático do pisca, etc. O desembaçador pode ser testado mantendo-o ligado por alguns minutos e, então, colocando-se a mão sobre o vidro para sentir se ele está aquecido, o que indica seu funcionamento. Se o carro tiver xenon, veja se foi legalizado. É comum uma ou duas luzes da iluminação do painel estarem queimadas, mas é barato de arrumar.

Freios
Ainda com o motor ligado e o carro parado, mantenha o pé pressionando o pedal por algum tempo. Se ele abaixar, há vazamento de fluído ou o cilindro mestre está condenado. Dê uma olhada no reservatório de fluido (fica embaixo do estepe). Se não estiver vazio, é o cilindro mestre mesmo: conserto caro.

Pneus
Hoje em dia, são um item caro. Um jogo de 4 pneus instalado dificilmente baixa muito de R$ 500. Examine cada um. A banda de rodagem deve estar desgastada por igual (como na foto abaixo), senão há problema de alinhamento ou dano na suspensão. Uma vez deformado em seu desgaste, o pneu precisará ser substituído.



Os pneus têm um indicador de desgaste (veja foto). Se o pneu alcançar esta marca, deve ser trocado.




Documentação

Nada adianta um carro em excelente estado e com bom preço, se a documentação estiver enrolada. Peça o numero do RENAVAM e verifique-o no site do detran do seu estado. Veja se a numeração de chassi não tem numeros tortos ou apagados, além de verificar se o numero bate com o documento. Evite carros com dupla-transferência.


Carro de firma?

Ninguém quer comprar um carro que foi de frota, a menos que esteja ciente disto e consiga um preço bom. Afinal, são carros quase sempre muito exigidos e usados com pouco cuidado. Então, ao verificar o histórico do carro na internet, fique atento a estas informações:

- Uma medida simples e eficas para saber se o carro foi de empresa (Uno Branco). Entre no site do Detran e confira as infrações.
Se surgirem coisas do tipo:
- Condutor não informado (significa que o carro era de pessoa jurídica);
- Multas de excesso de velocidade em vários municípios diferentes;
- Condutor utilizando fone de ouvido (na maioria dos carros de empresa não existe rádio).
Tudo indica que o carro era de empresa.

Duas dicas para descobrir falsos seminovos

Caso você esteja vendo um Uno com menos de dois anos de uso, e que marque até uns 20 e poucos mil kms no odômetro, pode fazer duas checagens para ver se o carro é mesmo pouco rodado.
1 – Olhe na lateral do pneu. Você encontrará um número de 4 algarismos. Os dois primeiros são a semana que o pneu foi produzido. Os dois últimos, o ano. Assim, por exemplo, um pneu que traga a marcação 0610 (como na foto abaixo), foi produzido na semana 06 do ano 10 (2010). Sabendo disto, se o pneu foi produzido depois do carro, possivelmente não é o jogo original dele. Afinal como o pneu teria sido produzido depois que o carro saiu da loja? E como eles durariam apenas 20 e poucos mil kms ?



2- borrachas dos pedais.
Essa é velha mais é boa. Um carro com 20 e poucos mil kms não pode ter a borracha dos pedais desgastada. Se tiver, alta chance de ter km adulterada.